Autor: Adilio Marcuzzo Junior
Dezesseis de junho de 2005, um sonho está se realizando, o MD-11 da Varig toca o solo francês, estamos no aeroporto Charles de Gaulle.
Vinte e oito anos se passaram desde que o vírus "aerococus" contaminou um menino de um cidadezinha do interior de São Paulo que passou a sonhar com máquinas voadoras : P-51, B-17, B-52, 747, F-5, T-27 são códigos que nossos pais e amigos até achavam estranho quando começávamos a pronunciá-los : "Acho que este menino não está bem", talvez eles pensassem, mas nós que estamos contaminados pelo vírus sabemos muito bem o que é isto.
O diretor de cinema Steven Spielberg captou muito bem o que sente uma pessoa "contaminada" em seu filme o Império do Sol. Lembram da cena do menino em cima do telhado deslumbrado pela visão dos rasantes dos P-51 ? Eram os Cadillacs dos Céus !!!!!!! Quem não se emocionou com esta cena e não se identificou neste menino, não é mesmo meus amigos contaminados ? Me recordo de ter subido no telhado de casa várias vezes para ver os T-37, T-23, T-25 e T-27 da Academia da Força Aérea voando sobre minha cidade nas décadas de 70 e 80... bons tempos.
Nomes como Le Bourget, Farnborough, Sun'n Fun, Oshkosh nos faziam sonhar com a possibilidade de uma viagem fantástica.
Mas voltemos a Paris...do aeroporto eu e meu amigo Willian tomamos um ônibus para a estação de trem que nos levaria ao metrô que cobre qualquer ponto da cidade de Paris. Fico imaginando se São Paulo fosse tão organizada assim, que bom seria !!!!!!!
Chegamos tarde neste dia e a visita ao 46o. Paris Air Show ficaria para o dia seguinte, então, com o não poderia deixar de ser, pegamos o metrô rumo aos pontos turísticos de Paris. Que maravilha o sol se pôr às dez horas da noite na capital francesa durante o verão. Pudemos visitar a torre Eiffel (veja foto abaixo), o Arco do Triunfo e passear pela avenida Champs-Elysées.
Torre Eiffel
Vista de Paris pela Torre Eiffel
A beleza de Paris é indescritível , a sensação de andar pelas ruas desta cidade é a de viajarmos pelo passado como numa máquina do tempo. Agora entendo Santos Dumont quando escolheu esta cidade para viver.
Uma dica para quem vai a Paris pela primeira vez : tenha paciência e se você não estiver em forma, não suba até o segundo estágio da Torre Eiffel subindo pelas escadas !!!!!!!! Use o elevador, suas pernas agradecerão mais tarde !!!!!!!!
Chegamos cansados ao hotel naquela noite, mas eu nem me importava, pois, a minha ansiedade aumentava cada vez mais : no dia seguinte estaríamos no aeroporto de Le Bourget !!!!
Na manhã seguinte acordamos cedo e fomos ao centro de Paris, visitamos alguns pontos turísticos e, então, pegamos o ônibus que nos levaria à feira.
A viagem parecia interminável e, então, de repente, o som de motores a jato com seus pós-combustores funcionando faz seu coração bater mais forte e quando você entra na feira lá estão eles : Mirage 2000, Rafale, Eurofighter Typhoon, F-16, F-15, Sukhoi 27, 747, 777, A340, A380 entre outras maravilhas da engenharia humana.
Incrível foi presenciar o "ballet" de um Airbus A340 que parecia flutuar no espaço mostrando quão fabulosas são suas asas, proporcionando enorme sustentação a esta aeronave. Praticamente em vôo de faca ele girava em torno de sua asa esquerda dando a sensação de estar parado no ar e logo em seguida recuperava a sustentação e já fazia outra manobra. Fiquei impressionado, afinal são milhares de toneladas flutuando como uma pena no ar.
Durante a feira pudemos assistir às demonstrações de helicópteros fazendo loopings, ver os gigantes da aviação o 747, o 777, o A380, este último nos brindou com uma demonstração de vôo, além da aviação de caça que fazia exibições a todo momento, era um país competindo com outro : Rafale (França), F-16 (EUA), Sukhoi 27 (Rússia), Eurofighter (Inglaterra, Itália e Alemanha), cada um tentando mostrar ao público sua superioridade. Senti a falta de uma caça brasileiro... Quem sabe daqui a alguns anos poderemos ver suas demonstrações em Le Bourget ?
Em exposição estática pude ver o Jaguar, Mirage 2000, Rafale, Eurofighter, Mirage F1, Mirage IV (bombardeiro nuclear), F-16, F-15 e o novo F-35 JSF com seu sistema de dois motores, um usado para o empuxo longitudinal e outro para a decolagem vertical. Os recentes lançamentos da aviação civil também estavam lá : O Javelin, um pequeno caça executivo, o Falcon 7X, O Gulfstream G550, O Global 5000 e o nosso EMBRAER Legacy sempre cercado por muitas pessoas ele realmente impressiona pela imponência e pela harmonia de suas formas.
Uma emoção em particular foi ver as aeronaves da Segunda Guerra Mundial que estavam expostas : Hurricane, Spitfire, P-47 Thunderbolt, B-26, DC-3, Folk Wulf 190, Yakolev Yak-3, fico sempre imaginando quem foram e pensando... quanta coragem tinham os pilotos que voaram estas máquinas em tempos de guerra.
Em frente ao stand da Embraer e ao lado do Legacy e, para todo mundo ver, estava exposta uma réplica do 14 BIS, o primeiro avião mais pesado que o ar a realizar um vôo por seus próprios meios. Importante enfatizar que Santos Dumont não precisou de nenhuma catapulta para levantar vôo com esta aeronave e já houve uma réplica do 14 BIS que realmente voou na década de 80.
Depois de caminhar muito pelo aeroporto tirando fotos como louco (veja algumas neste artigo e as demais na seção "Fotografias" deste site), parando para admirar cada avião exposto e dos efeitos da subida dos degraus da torre Eiffel no dia anterior eu já não tinha mais pernas. Nossa salvação foi o pessoal da EMBRAER para os quais faço um agradecimento aqui pelo convite que nos foi dado e pela recepção em seu stand onde pude descansar um pouco até a próxima maratona. Muito obrigado !!!!!!!!!!
Finalmente, um recado para nossa juventude :
NÃO VIVAM DE SONHOS, VIVAM PARA REALIZÁ-LOS.
EMBRAER Legacy
Vôo do Airbus A380
Dassault Falcon 7X
Vista da Feira
Maquete do Boeing 787
Nossa EMBRAER presente em Le Bourget 2005
Réplica do 14 BIS de Santos Dumont
Spitfire
Yakolev Yak-3
Hurricane