Autor : Edison Giovani de Faria Loredo

Existem vários tipos de danos que afetam a integridade das janelas das aeronaves. Os mais comuns são aqueles relacionados com a perda de visibilidade provocada por manutenção inadequada, umidade, sujeira, variações de temperatura de trabalho, etc.
É muito comum, durante manutenções preventivas, a descoberta de presença de micro-fissuras encontradas entre as superfícies internas e externas das janelas de aeronaves. Quando as micro-fissuras são descobertas em seu estágio inicial e ainda não atingiram as superfícies externas das janelas, ou seja, situam-se nas camadas internas, o que impossibilita o apalpamento destas micro-fissuras. As causas das micro-fissuras são variadas e podemos tomar como exemplo as variações de temperatura e umidade entre os ciclos de vôo (estacionamento da aeronave no solo, decolagem, vôo de cruzeiro e pouso) e os efeitos mecânicos causados pelas contrações e expansões durantes os ciclos variados da pressurização da cabine.
As micro-fissuras, quando recebem luz direta do sol, criam pontos de concentração de temperatura promovendo um diferencial térmico em uma mesma superfície, que com efeitos de variações de temperatura, umidade e atuações da pressurização provocarão a expansão dimensional das micro-fissuras levando-as até as superfícies externas ao longo do tempo, tornando-as apalpáveis e comprometendo a segurança de vôo da aeronave em que a janela está em serviço.
É de extrema importância que o executor da inspeção verifique os procedimentos corretivos citados pelo manual de manutenção da aeronave em questão. As micro-fissuras, quando identificadas prematuramente, na maioria das vezes, podem ser removidas por polimento. Os limites de espessura da superfície polida devem ser policiados quanto às tolerâncias citadas no manual de manutenção, se este permitir o polimento. Após o polimento deve ser registrada em caderneta a medida atual da janela, para servir de parâmetro para polimentos futuros. Uma outra vantagem da descoberta prematura é que se evita a troca do componente, mantendo os custos de manutenção em níveis satisfatórios. O atraso no descobrimento dos danos pode levar a aeronave a uma condição insegura de vôo, pois uma janela trincada pode romper-se em vôo provocando uma despressurizarão explosiva.
É muito comum encontrar em algumas aeronaves o uso de "insulfilm" automobilístico para escurecer ambientes internos. O "insulfilm" normalmente é instalado na superfície da janela que fica na parte interna da aeronave, dificultando que a luz solar passe pela janela aumentando a concentração de temperatura sobre a mesma. O uso destes elementos deve ser reportado ao fabricante da aeronave ou janela para uma autorização prévia do uso, caso não existam informações no manual de manutenção da aeronave.
Outros danos comuns são os riscos externos que são provocados pela manutenção inadequada durante a instalação de capas de proteção em janelas com poeira, uso de vassouras durante a limpeza e por partículas de poeira movimentadas pela ação do vento. Dependendo das dimensões dos riscos estes também podem ser polidos, evitando danos mais graves no futuro.
A melhor maneira de executar limpeza em janelas é primeiramente usar água corrente para remoção de poeira e outros abrasivos evitando o toque com a janela o que elimina a possibilidade de arranhões. Se a sujeira presente não for removida só com o uso de água corrente podem ser utilizados os agentes de limpeza citados nos capítulos 12 e 56 dos manuais de manutenção. É muito importante lembrar que jamais deve ser usado qualquer produto que contenha amônia. A amônia irá ajudar a dar início aos processos de micro-fissuras, pois este produto ataca as superfícies com base acrílica. O produto de uso mais comum é um composto de uma parte água destilada para uma parte de álcool isopropílico que além de limpar ajuda a evitar o embaçamento.